Monday, June 25, 2007

Dum momento para o outro pode entrar um pássaro que levante o céu


Vontade de estar no chão mesmo, é esse sentir de estar-só-acompanhado. Talvez seguir para algum lugar onde os habitantes falem com alma encantada. Que pode ser os "encantados" da floresta que choram as dúvidas que possuímos -- seres pardos de memória. Incerteza que arvora a cada dia nos interstícios dos sonhos.

Sonho tão simplesmente ou absolutamente choro. Aquelas tardes, aqueles afagos, aquelas imensidões, aquele oásis que montamos a dois por entre.. entre tudo e intenções desmesuradas de razão. Aquelas emoções só nossas, nossas emoções feitas de açúcar e sal, de fel e doce brevidade. Mas eram somente nossas, imensamente tortas de tardes absolutas, de "sempres-agoras", consteladas, de sentidos múltiplos, ousadas, de mudez e sons magistrais.

E essa vontade de chão, de atropelo, de não ser presente nem para si. Um medo de passar às seis horas e nunca mais possuir seu alimento. Como, agora, apenas os arredores das tardes. Sobra um tempo enfastioso de cotidiano. O jantar está à mesa posta, e sem entusiasmo jogo conversa fora. É tudo o que se quis sem saber. É como atravessar portas, querer transpor umbrais depois de lacrados com segredos inauditos.

Ouço-me, embora nem me baste tanto, imaginar de volta ao sonho. Era uma vontade sem chão. Outras estações. Outros sinais. Outras cordas. Outros tempos-espaços. Uma dimensão que se envolveu de mim na dimensão de ti.

Monday, June 18, 2007

Nazareth

Rosas adorariam vaga-lumes
e depositariam em navios de borboletas
todas as sortes da chuva
Mas um augusto sol predador de escuros
profana o panteão das mariposas.
Bailarinos alumiam a escuridão
Adjetivos plasmados de luz
Castiçal em forma de menino
Quase borboleta ou rosa
Violando a gravidade das coisas terrenas.
Um José tem nos braços um raio de luz
E os vaga-lumes, as borboletas,
Todas as criaturas de seda,
Genuflexas no escuro
Adoram o Cordeiro .

Maria


O nome da arte, não sabemos.
Madeira é o seu corpo a engolir o vazio dos assentos.
A escada leva os infinitos e traz maçãs...
Que distância, duração; interrogação de girassóis;
Linha sustentando nuvens,... e o céu, sem ferrolhos,
Abre pétalas de sol.
Maria gira, gira... Faz poesia e chora.
Que voz silencia seu nome... a noite vista do quarto...
Chaves, não temos, para batizar Maria.

Sunday, June 17, 2007

Dia de todos os fogos

porque eu poderia ter você sem fustigar horas desertas; me entenderia seja em ruas medievas, seja em sertão de lua azul ou moderna. porque eu somaria ter você sem trucidar o destino de agora; me perguntaria seja em arte complexa, seja na realidade com números exatos ou cabalísticos. porque minh'alma caberia dentro de teu seio como "la pietá", sorvendo aquela faísca de liberdade que sabemos juntos, e ninguém mais. porque me procurou quando os lagos e os juncos estão tristes, e à beira d'água tua visão me fundiu como "la llorona" a revidar os reis da guerra. porque eu simplesmente sem saber mais acordar os dias, sonho contigo em qualquer ilha distópica, rebelando-me contra o previsível. e porque tudo que tenho vivido não demora revisitar nossas lembranças como as flores não se ausentam da natureza mesmo tendo que sorrir nas cidades. ainda porque o teu mundo iguala-se em maioridade ao meu, pois entende de sorrir quando a alegria distante dos ares é um lugar sem existência. por isso estou aqui sempre para lhe visitar as estações, em todos os tempos. e meu tempo é sozinho, absolutamente melancólico como de Dante à Beatriz. refugio-me em pequenos limbos; em sinfonias dissonantes; em abraços estranhos, sendo aquela chama de longe que teima a chamar, e a aquecer.
Free Website Counter
Free Counter