Monday, February 26, 2007

Refazenda

Os sapos deportam da lagoa
Uma saudação soturna
Internos e soberbos-alfaiates
Do breu e das horas.
O limo das pedras mudas,
O tempo esquece o azul
— tenho grilos na boca
e arames nas veias. Verde.
Consumir esquecimento
É a varanda da casa. Rede.
Balançar lembranças,
Embalar a morte.
Cores engolindo o desterro.
O espaço lembrou o vermelho,
A vida dos sonhos surdos.
Do claro e das brumas,
Externos e faustos-padeiros,
Um lema desesperado,
Os sapos despertam agora.

Ver

Manuel viu antes das outras criaturas:
Os olhos gastam as coisas — catedrais.
No país distante quis ver coisas invisíveis,
Cores que as pedras ocultam por dentro,
Espaços entre os ossos, mudez de rua molhada.

Ballet

Nijinski, Nureiev, Nicolai descrevem no ar sua religião.
Forma e movimento celebram a arte do espaço.
Pés de bailarina — rude delicadeza,
Teu chão é tentar pisar o vento.

Vivendo a dançar na escuridão sem ritmo, desatento.

Ter a força sem o esforço de instrumentos,
Tchaikovsky, Stravinsky, compuseram suas curvas.
Cada passo de arte, outro sentido, nova vida.

Sunday, February 25, 2007

Melusina





espelho ao fundo, no corredor.
indecisa, mira
o toque desmesurado.
sombra alheia
a lhe possuir todo o espaço.
um pouco mais.
um pouco sempre.
deixa fugir, os caminhos
voltam, voltam.


Melusina ao vento,
em cachos dourados
voando no tempo.
as vozes misturadas,
nervosas, porções
de magia de águas
doces em rios e fontes.
corpo fundido
em mar noutro fogo.
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