Razão alheia

imaginação dai-me luz
dai-me o espaço não visto
o sol concentra na ponta dos cantos
os sons desavessos.
- essas cores de todas as horas.
o que a sombra segreda as areias
cantai ao granito da memória
horas alheias de terras e esquinas
não cala o que a boca espreita
a luz do pensamento.
a coisa imaginada,
se nela o sol incide
produz no chão uma razão de sombra.
mas este escuro breve,
essa sombra, não existe
já que não foi imaginada.
é um impossível que espalha na areia
uma percepção causal.
essa coisa, essa sombra do objeto imaginado
habita outra razão, estranha,
alheia aos mistérios, aos juízos,
alheia à razão.
2 Comments:
Minh’alma analfabeta borboleteou pela noite transfigurada. Cruzou as esquinas das ruas ausentes. Bebeu as cores do tempo e dos sons mudos. As Musas dela se apossaram e ousaram revelar: Mnemosyne não se guarda em granitos; os lapidários e suas estrelas não moldam as pedras de cera das lembranças que – como a imaginação - se perdem e se encontram somente no Lethe eterno (e sem razão).
Seja bem vinda alma avissareira de noites e transfigurações! Traspassada a morte, esta razão que buscamos, soe navegar no grande oriente da alma a esperança de paraíso. Do Ocidente Lethe nada entende, mas todas as massas geológicas insistem habitá-lo. Porque do Oriente os passos não imaginam, simplesmente pensam com o coração desarmado.
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