Ninho

ANT >< TNA
quando se olha uma coisa, um som, um corpo
se põe um coração neles.
o sangue que irrompe das ranhuras, não
é vermelho apenas, é também uma dis-
tância incorporada entre o órgão
incorrupto e a visão que macula
as fraternidades da teoria.
uma poesia que reflete rimas e
tenta escapar convenções não entende
que refutar, escapar e todas as coisas
que imprime na ausência
a chancela de novo, tem na sua
fúria um frágil ministério.
catre que aprisiona esses dias
em que se espreita, alheio, a sombra movediça
de milênios cheios de modernidade
calar as cores do verso puro imenso,
gritando luzes onde a escuridão palpita...
os olhos do espírito colide com
a cidade na função da ausência.
o som do corpo é a presença.
a peça de madeira é frágil –
três vezes humana. os olhos,
as mãos – são joão baptista –
as águas correm sobre o christo
desumanizado. os olhos
lamuriantes do perpétuo socorro.
por uma clarividência invertida,
vê-se o movimento das cores
sem duração. a angústia de contorcer a poesia
é o de conter o movimento
qualquer coisa que explique
a razão ferida.
pintar o quadro
sob a luz de mercúrio
e albedo – o vermelho e o branco.
rosácea noite sanguínea
duplica a nova aliança
de um sacre coeur inteligível,
e anárquico de sabedoria.
Pigmaliel, ai ai meu deus..
o tudo é o nada
o ser é o nada que vê
a razão difusa na
paisagem.